Os apelos estão por todos os
lados, as imagens, áudios, vídeos mostram pais e filhos em perfeita harmonia e
alegria, mas na vida real, longe das fantasias e dos apelos comerciais há
aquelas pessoas que vivem esse momento com um nó na garganta, um aperto no
peito, um sentimento de saudade que extrapola a estrutura corporal...
O que comemorar quando o nosso
herói não vai surgir na nossa frente para nos salvar dos exercícios difíceis,
nos acudir diante de nossos medos, quando o olhar de repreensão e de autoridade
for apenas lembranças, ou quando não tivermos aquelas mãos fortes nos segurando
nos nossos passos, nos aconselhando, um puxão de orelha para acordar pra
vida...
Perder um pai é perder a
referência, é perder o chão, é ficar perdido mesmo quando só existe um caminho
a seguir. Nada ocupa esse vazio, nada apaga a tristeza, nada conforta o coração
saudoso...
Sim tivemos momentos maravilhosos
e (e)ternos enquanto duraram. Vivi intensamente cada minuto que pude ao lado
dele, absolvi sua alegria, seus ensinamentos, suas dores, e até suas zangas.
Sabia que qualquer momento ele poderia ir, talvez por isso busquei aproveitar o
que podia, como se pudesse armazenar em mim a presença dele por toda a minha
existência...
Ledo engano. Os anos passam, a
saudade aumenta, e esse período é delicado, de emoções, de sensibilidade, de se
desmontar diante de tantas mensagens que tocam, encantam, mas no fundo
entristecem, lembram e relembram: meu pai está presente nas minhas lembranças,
no meu amor, mas no domingo não vou poder abraça-lo, levar presentes ou
homenagens, mesmo que eleve minhas orações, e que use minha imaginação, nada
vai me fazer feliz...
Para aqueles sortudos, digo, viva-os,
curta-os, porque quando eles não estão aqui, o mundo perde um pouco do seu
colorido.