terça-feira, 27 de agosto de 2013

O outro lado do dia dos pais


Os apelos estão por todos os lados, as imagens, áudios, vídeos mostram pais e filhos em perfeita harmonia e alegria, mas na vida real, longe das fantasias e dos apelos comerciais há aquelas pessoas que vivem esse momento com um nó na garganta, um aperto no peito, um sentimento de saudade que extrapola a estrutura corporal...

O que comemorar quando o nosso herói não vai surgir na nossa frente para nos salvar dos exercícios difíceis, nos acudir diante de nossos medos, quando o olhar de repreensão e de autoridade for apenas lembranças, ou quando não tivermos aquelas mãos fortes nos segurando nos nossos passos, nos aconselhando, um puxão de orelha para acordar pra vida...

Perder um pai é perder a referência, é perder o chão, é ficar perdido mesmo quando só existe um caminho a seguir. Nada ocupa esse vazio, nada apaga a tristeza, nada conforta o coração saudoso...

Sim tivemos momentos maravilhosos e (e)ternos enquanto duraram. Vivi intensamente cada minuto que pude ao lado dele, absolvi sua alegria, seus ensinamentos, suas dores, e até suas zangas. Sabia que qualquer momento ele poderia ir, talvez por isso busquei aproveitar o que podia, como se pudesse armazenar em mim a presença dele por toda a minha existência...

Ledo engano. Os anos passam, a saudade aumenta, e esse período é delicado, de emoções, de sensibilidade, de se desmontar diante de tantas mensagens que tocam, encantam, mas no fundo entristecem, lembram e relembram: meu pai está presente nas minhas lembranças, no meu amor, mas no domingo não vou poder abraça-lo, levar presentes ou homenagens, mesmo que eleve minhas orações, e que use minha imaginação, nada vai me fazer feliz...

Para aqueles sortudos, digo, viva-os, curta-os, porque quando eles não estão aqui, o mundo perde um pouco do seu colorido.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Os nossos valores...

Assistir Tv nos últimos dias dá uma sensação de que estou no mundo errado. Denúncias de corrupção, desvio de dinheiro, imprudências, violências e uma gama de coisas que com certeza ficaria o dia todo escrevendo, mas afinal o que há de errado? Que tanta desvirtuação é essa?

Quando criança, lá no interior da Bahia, aprendi com os meus pais, a ter respeito com os mais velhos, não mentir,  não roubar, não matar e uma gama de nãos. E olha eu tinha uma mãe que não perdoava erros, os filhos dela tinham que ser perfeitos. Acreditem quando íamos para festas de aniversários de outras crianças, antes de sair a minha mãe fazia a gente comer, encher até a tampa, tudo isso para não incorrer no erro mais comum dessas comemorações: avançar na mesa de doces e salgados. A gente chegava brincava e ficava sentado, contando a hora de ir para casa, empapuçados de comida, nem tinha coragem de olhar para os docinhos e muito menos para o bolo. A pressão era tão grande, que se alguém passasse com a bandeja e o oferecesse, primeiro olhávamos para minha mãe, depois, a depender do olhar, a gente esticava a mão ou não.

Agradeço a esses ensinamentos, graças a eles minha vida adulta é bem melhor e com isso acho que não serei flagrada fazendo coisas erradas. É mais fácil ser tachada de boba, pois sou daquelas que devolve o carrinho do supermercado ao local, que o carro é entupido de garrafas vazias, papel de bala, embalagens... sim eu não jogo nada na rua, fico zanzando com eles até achar uma ligeira, faço isso com gosto, e nem ligo para aquelas pessoas que ficam rindo de mim por fazer tal coisa.

Isso são valores da minha infância, aprendi com os meus pais, e quero também repassar aos meus filhos, quando os tiver. Não quero com isso ser mártir ou coisa parecida, quero apenas viver num mundo melhor, onde o levar vantagem seja aplicado numa disputa esportiva, e não por lesar o erário público ou dar um golpe em alguém. Quero ligar a tv e assistir matérias falando sobre o bom atendimento na saúde, o trânsito sem violência, que os índices de ocorrências criminais diminuíram... Sim é utopia, eu sei, mas prefiro sonhar e acreditar que isso é possível, do que me acomodar com tanta falta de valores e limites...

terça-feira, 20 de março de 2012

Saudades do meu pai

Ontem, dia 19 de março, completaram 10 meses da morte do meu pai. O tempo passa, mas não minha saudade, não meu aperto no coração, não a falta de ouvir sua voz, não a vontade de conversar com ele, não a dor que sinto...

Ele foi a minha base, meu chão, meu porto seguro, meu conselheiro, meu amigo, meu confidente, meu parceiro em várias traquinagens e brincadeiras, o pulso firme, o revelador das coisas boas e más do mundo, meu orientador e também desorientador, meu cozinheiro favorito, meu conselheiro, meu herói, meu ídolo.

Um homem sábio, que usava sua sabedoria no dia a dia, de uma forma a não se exibir, mas do jeito que aqueles mais atentos seriam capazes de perceber. E quantas lições ele mostrou.

A simplicidade era sua marca registrada, gostava de dizer "Eu vim ao mundo pelado, e agora eu tenho roupas, estou no lucro". Essa frase era para nos lembrar que o dinheiro não era tudo, existiam coisas mais importantes, e importantes foram seus filhos, eu e meu irmão Allan. 

Meu pai era do tempo da palmatória, do famoso bolo, não hesitava de aplicar em nossas mãos abertas duas ou três com o outro lado da escova de tirar pelos do terno. Doía mais nele do que na gente, passada a dor a gente lembrava que tínhamos feito algo errado, mas estávamos bem grudados nele, apreciando a sua preocupação e agradecendo pela sua existência.

Com ele aprendi o real sentido da fome. Era criança e como tal me achava a única cocada preta do tabuleiro, gostava muito de fazer as coisas ao meu jeito. Até que um dia eu fui convidada a almoçar e como toda criança levada respondi que não estava com fome. Naquele dia eu descobriria o que era sentir fome. Meu pai proibiu que a moça responsável por mim, me desse qualquer tipo de comida. Quando a barriga fazia mais barulho que uma escola de samba, ele veio até a mim e me disse: - " isso que você está sentindo agora sim é fome, é a mesma sensação daquelas crianças que batem na nossa porta pedindo comida, na casa delas falta comida, o horário de comer, é o horário que alguém se digne a oferecer um alimento. Aqui em casa temos horário, temos comida sobrando, valorize o que você tem, e lembre sempre dos que não tem". Não esqueci da lição, procuro colocar no prato somente aquilo que dou conta de comer, e sei de fato que fome eu nunca passei.

Sou filha de um Francisco e coincidentemente, o seu Francisco tem dois filhos, dois grandes orgulhos dele, e dele nos orgulhamos muito. O tempo continuará passando, mas não tudo aquilo que ele nos ensinou, não o carinho e dedicação que ele sempre teve por nós, não o grande amor que ele sempre demonstrou ter por nós, talvez essa grande dedicação nos conforte e nos dê a falsa e gostosa sensação que ele ainda está aqui bem ao alcance dos meu dedos, e que basta um telefonema para ouvir a sua voz rouca a me dizer: Oi Té  -(meu apelido colocado pelo meu irmão quando ele era bem pequeno e não conseguia falar meu nome completo e que até hoje na intimidade os dois me chamavam).

Saudades....





Começando com boa música

Há alguns anos fui apresentada a banda Coldplay, desde então, ela faz parte dos meus bons e maus momentos, já que alegria e na tristeza a música sempre é um bom remédio. Na minha seleção da semana indico a música Paradise, e também a tradução, uma reflexão sobre o que queremos para nós e onde estão os nossos sonhos e realizações...

Paradise - Coldplay


Paraíso

Quando ela era apenas uma garota
Ela esperava o mundo
Mas ele vôou fora de seu alcance
Então ela fugiu em seu sono

E sonhava com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Toda vez que ela fechava seus olhos

Ooohh

Quando ela era apenas uma garota
Ela esperava o mundo
Mas ele vôou fora de seu alcance
E as balas ficaram presas em seus dentes

A vida continua,
Ela fica tão pesada
O Ciclo da Borboleta se Rompe
Cada lágrima, uma cachoeira
Na noite, a noite turbulenta
Ela fechará seus olhos
Na noite
Na noite tempestuosa
Para longe ela voaria

E sonhos com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ela sonharia com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

La-la-la-la-la

E assim por debaixo dos céus tempestuosos
Ela dizia: ''oh, ohohohoh
Eu sei que o sol deve se pôr para levantar"

E então debaixo daqueles céus tempestuosos
Ela diria oh-oh-oh-oh-oh-oh
Eu sei que o sol deve se pôr para levantar

Isto poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Isto poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isto poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Fim de semana e várias conclusões


Prestando contas comigo mesmo

A semana está chegando ao fim, o tempo passou voando, mas mesmo com essa impressão esses dias foram de muitos aprendizados e descobertas. Descobri que sou forte, mas que essa fortaleza toda pode despencar a qualquer momento. Descobri que tenho amigos verdadeiros, mas que mesmo assim as vezes me sinto sozinha. Descobri que tem pessoas que gostam silenciosamente de mim, e nesse silêncio fazem um bem terrível com gestos e ações bem simples. Descobri que pessoas guardam mágoas, e que essas mágoas parecem não passar com tanta facilidade. Descobri que podemos mudar de atitude, que isso dói, mas que quando estamos com vontade é possível. Nessa semana redescobri o quanto é dolorido ir a academia, dói abandonar a cama as 6 horas da manhã e mais ainda colocar o corpo para trabalhar. Mas lá encontrei pessoas dispostas a me ajudar. O ganho dessa semana foi saber que quando somos bons, recebemos a bondade em troca.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O gosto pelo proibido

A foto foi uma aventura, mas valeu.

O Palácio é lindo, mas ou trem grande.

O doce sabor do não.

Desde pequenos a gente tem uma atração pela frase "Não pode". Eita, mas é só ela sair da boca de alguém e ficarmos tentando por cometer tal infração, que pode ser grave, leve, mais ou menos ou passar despercebida. Mas o gosto e o prazer de quem faz, ah esse é imenso. Lembrei disso olhando uma foto no meu arquivo. Ela não foi tirada por mim, foi por um companheira de viagem. Estávamos as duas conhecendo o Palácio de Versalhes (Château de Versalhes) - na França, para todos os lados tinham símbolos, cartazes onde era claro o pedido: Nada de fotos. Pois bem, ali dentro é uma variedade imensa de obras de arte, esculturas, quadros, objetos, tanta coisa bonita, mas uma escultura nos chamou atenção. Ela estava logo na entrada que escolhemos, de um branco tão intenso, de formas tão definidas, que até parecia pessoas pintadas de branco.que imagem linda!!! Pois bem, lá nós duas admiradas com tudo na nossa frente e nada de poder tirar fotos... ah, mas eu num resisti, peguei a máquina emprestada e apertei o botão...rsss...um clarão surgiu, alguns olhares furiosos e ... nada aconteceu, ninguém viu de onde veio o flash inesperado...Eu com um olhar bem sério, ria por dentro por ter cometido tal burrice, mas não me dei por vencida, desativamos o flash e ai sim, tiramos a foto. Ei ai o registro, tiramos outros, bem na discrição, mas a emoção vivida naqueles pequenos minutos foram indescritíveis, assim como a beleza da escultura.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Uma nova etapa

Em março desse ano, no meu último post eu falava sobre não estarmos acostumados as perdas. Não foi preciso muito tempo para eu comprovar mais ainda esse sentimento. Há exatas duas semana eu me despedi fisicamente da pessoa mais importante da minha vida: Meu Pai. Ele foi o meu esteio, meu alicerce. Com ele aprendi as coisas simples da vida, lições importantes que me fizeram a pessoa que sou hoje. Muitos dizem que eu sou muito parecida com ele, não só aparência,  mas ações e atitudes também. Talvez por isso, pela sintonia que a gente sempre teve, eu continuo com a sensação que ele está ao alcance da minha mãe, basta pegar o telefone e ligar...
Nesse processo todo o que ajudou muito foi o apoio dos amigos, manifestações de diferentes tipos, de pessoas próximas, de pessoas distantes. Nossa como isso foi importante....