segunda-feira, 26 de março de 2012

Os nossos valores...

Assistir Tv nos últimos dias dá uma sensação de que estou no mundo errado. Denúncias de corrupção, desvio de dinheiro, imprudências, violências e uma gama de coisas que com certeza ficaria o dia todo escrevendo, mas afinal o que há de errado? Que tanta desvirtuação é essa?

Quando criança, lá no interior da Bahia, aprendi com os meus pais, a ter respeito com os mais velhos, não mentir,  não roubar, não matar e uma gama de nãos. E olha eu tinha uma mãe que não perdoava erros, os filhos dela tinham que ser perfeitos. Acreditem quando íamos para festas de aniversários de outras crianças, antes de sair a minha mãe fazia a gente comer, encher até a tampa, tudo isso para não incorrer no erro mais comum dessas comemorações: avançar na mesa de doces e salgados. A gente chegava brincava e ficava sentado, contando a hora de ir para casa, empapuçados de comida, nem tinha coragem de olhar para os docinhos e muito menos para o bolo. A pressão era tão grande, que se alguém passasse com a bandeja e o oferecesse, primeiro olhávamos para minha mãe, depois, a depender do olhar, a gente esticava a mão ou não.

Agradeço a esses ensinamentos, graças a eles minha vida adulta é bem melhor e com isso acho que não serei flagrada fazendo coisas erradas. É mais fácil ser tachada de boba, pois sou daquelas que devolve o carrinho do supermercado ao local, que o carro é entupido de garrafas vazias, papel de bala, embalagens... sim eu não jogo nada na rua, fico zanzando com eles até achar uma ligeira, faço isso com gosto, e nem ligo para aquelas pessoas que ficam rindo de mim por fazer tal coisa.

Isso são valores da minha infância, aprendi com os meus pais, e quero também repassar aos meus filhos, quando os tiver. Não quero com isso ser mártir ou coisa parecida, quero apenas viver num mundo melhor, onde o levar vantagem seja aplicado numa disputa esportiva, e não por lesar o erário público ou dar um golpe em alguém. Quero ligar a tv e assistir matérias falando sobre o bom atendimento na saúde, o trânsito sem violência, que os índices de ocorrências criminais diminuíram... Sim é utopia, eu sei, mas prefiro sonhar e acreditar que isso é possível, do que me acomodar com tanta falta de valores e limites...

terça-feira, 20 de março de 2012

Saudades do meu pai

Ontem, dia 19 de março, completaram 10 meses da morte do meu pai. O tempo passa, mas não minha saudade, não meu aperto no coração, não a falta de ouvir sua voz, não a vontade de conversar com ele, não a dor que sinto...

Ele foi a minha base, meu chão, meu porto seguro, meu conselheiro, meu amigo, meu confidente, meu parceiro em várias traquinagens e brincadeiras, o pulso firme, o revelador das coisas boas e más do mundo, meu orientador e também desorientador, meu cozinheiro favorito, meu conselheiro, meu herói, meu ídolo.

Um homem sábio, que usava sua sabedoria no dia a dia, de uma forma a não se exibir, mas do jeito que aqueles mais atentos seriam capazes de perceber. E quantas lições ele mostrou.

A simplicidade era sua marca registrada, gostava de dizer "Eu vim ao mundo pelado, e agora eu tenho roupas, estou no lucro". Essa frase era para nos lembrar que o dinheiro não era tudo, existiam coisas mais importantes, e importantes foram seus filhos, eu e meu irmão Allan. 

Meu pai era do tempo da palmatória, do famoso bolo, não hesitava de aplicar em nossas mãos abertas duas ou três com o outro lado da escova de tirar pelos do terno. Doía mais nele do que na gente, passada a dor a gente lembrava que tínhamos feito algo errado, mas estávamos bem grudados nele, apreciando a sua preocupação e agradecendo pela sua existência.

Com ele aprendi o real sentido da fome. Era criança e como tal me achava a única cocada preta do tabuleiro, gostava muito de fazer as coisas ao meu jeito. Até que um dia eu fui convidada a almoçar e como toda criança levada respondi que não estava com fome. Naquele dia eu descobriria o que era sentir fome. Meu pai proibiu que a moça responsável por mim, me desse qualquer tipo de comida. Quando a barriga fazia mais barulho que uma escola de samba, ele veio até a mim e me disse: - " isso que você está sentindo agora sim é fome, é a mesma sensação daquelas crianças que batem na nossa porta pedindo comida, na casa delas falta comida, o horário de comer, é o horário que alguém se digne a oferecer um alimento. Aqui em casa temos horário, temos comida sobrando, valorize o que você tem, e lembre sempre dos que não tem". Não esqueci da lição, procuro colocar no prato somente aquilo que dou conta de comer, e sei de fato que fome eu nunca passei.

Sou filha de um Francisco e coincidentemente, o seu Francisco tem dois filhos, dois grandes orgulhos dele, e dele nos orgulhamos muito. O tempo continuará passando, mas não tudo aquilo que ele nos ensinou, não o carinho e dedicação que ele sempre teve por nós, não o grande amor que ele sempre demonstrou ter por nós, talvez essa grande dedicação nos conforte e nos dê a falsa e gostosa sensação que ele ainda está aqui bem ao alcance dos meu dedos, e que basta um telefonema para ouvir a sua voz rouca a me dizer: Oi Té  -(meu apelido colocado pelo meu irmão quando ele era bem pequeno e não conseguia falar meu nome completo e que até hoje na intimidade os dois me chamavam).

Saudades....





Começando com boa música

Há alguns anos fui apresentada a banda Coldplay, desde então, ela faz parte dos meus bons e maus momentos, já que alegria e na tristeza a música sempre é um bom remédio. Na minha seleção da semana indico a música Paradise, e também a tradução, uma reflexão sobre o que queremos para nós e onde estão os nossos sonhos e realizações...

Paradise - Coldplay


Paraíso

Quando ela era apenas uma garota
Ela esperava o mundo
Mas ele vôou fora de seu alcance
Então ela fugiu em seu sono

E sonhava com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Toda vez que ela fechava seus olhos

Ooohh

Quando ela era apenas uma garota
Ela esperava o mundo
Mas ele vôou fora de seu alcance
E as balas ficaram presas em seus dentes

A vida continua,
Ela fica tão pesada
O Ciclo da Borboleta se Rompe
Cada lágrima, uma cachoeira
Na noite, a noite turbulenta
Ela fechará seus olhos
Na noite
Na noite tempestuosa
Para longe ela voaria

E sonhos com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Ela sonharia com o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

La-la-la-la-la

E assim por debaixo dos céus tempestuosos
Ela dizia: ''oh, ohohohoh
Eu sei que o sol deve se pôr para levantar"

E então debaixo daqueles céus tempestuosos
Ela diria oh-oh-oh-oh-oh-oh
Eu sei que o sol deve se pôr para levantar

Isto poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh

Isto poderia ser o para-para-paraíso
Para-para-paraíso
Isto poderia ser o para-para-paraíso
Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh