terça-feira, 27 de agosto de 2013

O outro lado do dia dos pais


Os apelos estão por todos os lados, as imagens, áudios, vídeos mostram pais e filhos em perfeita harmonia e alegria, mas na vida real, longe das fantasias e dos apelos comerciais há aquelas pessoas que vivem esse momento com um nó na garganta, um aperto no peito, um sentimento de saudade que extrapola a estrutura corporal...

O que comemorar quando o nosso herói não vai surgir na nossa frente para nos salvar dos exercícios difíceis, nos acudir diante de nossos medos, quando o olhar de repreensão e de autoridade for apenas lembranças, ou quando não tivermos aquelas mãos fortes nos segurando nos nossos passos, nos aconselhando, um puxão de orelha para acordar pra vida...

Perder um pai é perder a referência, é perder o chão, é ficar perdido mesmo quando só existe um caminho a seguir. Nada ocupa esse vazio, nada apaga a tristeza, nada conforta o coração saudoso...

Sim tivemos momentos maravilhosos e (e)ternos enquanto duraram. Vivi intensamente cada minuto que pude ao lado dele, absolvi sua alegria, seus ensinamentos, suas dores, e até suas zangas. Sabia que qualquer momento ele poderia ir, talvez por isso busquei aproveitar o que podia, como se pudesse armazenar em mim a presença dele por toda a minha existência...

Ledo engano. Os anos passam, a saudade aumenta, e esse período é delicado, de emoções, de sensibilidade, de se desmontar diante de tantas mensagens que tocam, encantam, mas no fundo entristecem, lembram e relembram: meu pai está presente nas minhas lembranças, no meu amor, mas no domingo não vou poder abraça-lo, levar presentes ou homenagens, mesmo que eleve minhas orações, e que use minha imaginação, nada vai me fazer feliz...

Para aqueles sortudos, digo, viva-os, curta-os, porque quando eles não estão aqui, o mundo perde um pouco do seu colorido.